domingo, 23 de outubro de 2016

verão


  Num dia de céu azul e calor grosso
  Eu vi o suor brotando na sua testa, e escorrendo pelo canto do rosto
  Num dia de verão carioca eu te vi

   A imprevista certeza
   Já nos conhecíamos a cem anos, mais foi nesse dia que eu te vi
 
   A ruga na tua testa mirando o computador
   O calor ficou mais intenso, subiu pelo meu estômago e queimou a minha garganta

   'Com quem será que ele conversa sentado aqui na minha frente?'

   A imprevista certeza

   Num dia de mosquitos elétricos eu disse que te amava
   Não tenho explicação para isso
   Mas é assim: amo-te

   Você elevou os olhos do computador
   A ruga se desfez

   - Eu também te amo.

   Num dia de calor gordo e viscoso quem teria coragem de se declarar?
   Num mundo de não envolvimento,
   Quem teria coragem?

   No dia seguinte, havia cinco folhas a mais na sucupira
   Estávamos, eu e você
   Contribuindo para o reflorestamento da cidade

    (abri os olhos, senti o cheiro de chuva
    te ouvi sussurrar ao pé do meu ouvido,
    voltei a dormir enquanto a cidade despertava)

 





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