domingo, 19 de abril de 2015

Sobre a felicidade


   Muitos e muitos anos atrás, numa galáxia muito distante eu li um texto de um mestre indiano. Nesse universo do qual vos falo eu não acredito mais em mestres, nem nos indianos e nem em nenhum outro. Mas lá, naquele tempo e espaço havia uma moça grávida de vinte anos que lia todos os livros de auto-ajuda, tinha cristais e patuás e acreditava em Deus. Ela pariu de cócoras sem anestesia um bebê lindo que ela acreditava que não daria trabalho nenhum e que ela, mesmo mãe, seguiria a vida na direção de sonhos como se nada houvera.
     Aquela moça leu um texto sobre a felicidade. O mestre dizia que felicidade era uma decisão, um estado de espírito e não a aquisição de bens materiais. 
     Aquilo ficou na cabeça daquela moça grávida, ela levou um tempo, quatro anos, para conseguir decidir que era feliz, mas essa decisão nunca mais mudou.
     Hoje vejo a felicidade não como uma vida perfeita, mas como uma vida plena. Plena de erros e de acertos, de encontros e desencontros. Porque na verdade, um não existe sem o outro. Não é possível acertar o que já está certo, nem encontrar o que nunca foi perdido. É preciso deixar-se perder, deixar-se sofrer, deixar-se chorar.
      Felicidade não é um constante estado de alegria, isso é histeria consumista. Felicidade é uma certeza simples.
     Certeza de que fizemos o melhor que nos era possível. E o faremos sempre.
     Certeza de que amamos, e o declaramos.
     Certeza de errarmos muitas vezes, para acertar umas poucas e valiosas.
     Certeza de que mudamos de ideia tantas vezes que não sabemos mais onde foi o ponto de partida.
     Certeza de que fizemos poucos e bons amigos, esses serão para sempre.
   Certeza de que não temos certeza de nada, a não ser da ética que permeia nosso desacertos, desenganos, desventuras.
    É na preciosidade da ética que repousa a paz de espírito necessária para absorver as pequenas belezas da vida, e delas nutrir-se da alegria necessária para suportar as lágrimas que vem e virão.
      A cada instante nos é dada a opção de escolher entre o certo e o errado, entre sorrir e fechar a cara, entre um 'bom dia' e o silêncio mal humorado, entre mudar de direção ou seguir naquela que não nos interessa mais. Cada pequena (ou grande) ação é uma gota num rio, e é você decide se ele correrá caudaloso e repleto de peixes ou fino e triste. Porque no fim, todos nós desaguamos no mar infinito. A opção que nos é dada é: como será o rio da nossa vida?
     Felicidade é uma decisão, não depende de nada.


ps. me perdoem o texto de auto ajuda, acordei mimimi
        
       


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