domingo, 22 de março de 2015

Escrevinhadora clandestina...


     Sou uma escrivinhadora clandestina.
     Escrevo de um refúgio interno.
     De onde posso assumir meus medos e orgulhos,
     porque lá, na folha desabitada,
      não são meus, esses vis sentimentos.
     Clandestinamente,
     espiono meus personagens.
     E através deles comemoro, choro, desespero, muitas vezes apaixonada.
     Escrevo clandestina.
     Roubo horas dos deveres,
     dos afazeres.
     Roubo horas da vida adestrada.
     E permito que a alegria inútil,
     de imaginar-me escritora, 
     se transforme em histórias caligrafadas.
     Escrevo clandestina.
     As palavras brotam de uma toca
     obscura da minha'alma, docemente aclarada.
     Serena finalmente,
     ela descansa e aquieta.

     Até surgir a próxima urgente necessidade
     de pegar a caneta e escrevinhar, de novo, e de novo...
     Sigo capturada.
   

   
   

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