segunda-feira, 2 de março de 2015

Eu não caio nessa de que foi tudo em vão...

     
  
    Resolvi falar de mim hoje. Estou te avisando logo no início a fim de te dar a chance de desistir dessa leitura. Falarei da minha entediante vida, está decidido e essa é sua chance de abandonar-me, mas só dessa vez...
     Ok, essa será uma crônica selfie, acredite você nela ou não. Talvez ela só reflita meu ego e meu total auto-desconhecimento, mas tentarei ser sincera, prometo.
     Começo me perguntando: o que é que eu sei de mim? Eu mal reconheço minha voz gravada. Ela é ridícula e esganiçada. Será que alguém mais sente isso quando ouve a própria voz? Como alguém aguenta fazer aula comigo? 
     O fato é que aguentam, desde os 16 anos nunca deixei de dar aula (24 anos cacarejando nos ouvidos dos cidadãos), e nunca deixou de haver pessoas querendo gastar seu tempo livre e seu dinheiro para passar algumas horas por semana ouvindo minha voz esganiçada. E eu amo. Sempre me senti honrada. Mas sinceramente não sei como elas aguentam. E o pior, eu já dei onze aulas em um único dia e minha voz nunca, nunca me falhou. Garganta esganiçada do demo.
     Mas eu sou um pouco mais do que apensa uma voz, pelo menos torço por isso. Estudei muito, sim, e ainda o faço com bastante frequência. Mas além disso tento abrir os meus olhos para o outro: o aluno, ou o grupo que está a minha frente. Compreende-lo, alcança-lo. Essa é minha verdadeira tarefa, e é nela que eu acredito. Tocar o outro de alguma maneira.
     Nunca pensei em realizar grandes feitos, do ponto de vista do senso comum. Mas sempre imaginei que quando um aluno faz uma boa aula e vai embora um pouco mais feliz, se sentindo melhor, mais forte, mais flexível, ele trata melhor os filhos, o marido ou esposa, o chefe ou os empregados. É como uma pedra jogada na água. E as ondas de atitudes positivas vão se espalhando até o infinito. Até, quem sabe, chegar em alguém que possa realmente mudar o mundo. 
    É assim que eu me vejo. No trabalho e em cada pequeno ato insignificante..
    Essa faceta minha se alterna com uma indiferente e rabugenta, que de vez em quando se tranca numa caverna cheia de livros e chocolate,  e precisa muito ficar sozinha. E com uma terceira impetuosa e que eventualmente quer mudar o  mundo, mas essa é indolente, ela não dura. Eu brigo, chuto, estapeio e me canso. 
     Então  volto a jogar pedrinhas na água, por alguma razão, tenho a sensação de que elas são mais eficientes e  me fazem sentir melhor. Jogo essas pedrinhas com o máximo de competência, simpatia e pontualidade.
    Quando eu penso em desistir,  apenas sigo em frente.
     Eu não caio nessa de que foi tudo em vão...  
     

3 comentários:

  1. Tu és linda por dentro e por fora. Sentir orgulho é o máximo pois é justo...

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